Correspondente Médico: Como o medo de uma nova onda de Covid-19 afeta o cérebro?
Países da Europa se preparam para uma possível nova onda de coronavírus e retornam com as restrições
Países europeus recuaram e iniciaram as medidas para conter uma nova onda da Covid-19. França e Portugal anunciaram na quarta-feira (14) novas medidas de restrição para conter o avanço da segunda onda do novo coronavírus que atinge a região. O presidente francês, Emmanuel Macron, decretou toque de recolher noturno em Paris e outras grandes cidades do interior, para diminuir a velocidade de contágio do vírus.
A medida, que começa a valer no sábado (17), vigora das 21h até as 6h, e será aplicada durante quatro semanas. Não há, por enquanto, previsão de se impor um novo lockdown no país. Também não serão impostas restrições no transporte público, e as pessoas continuarão autorizadas a viajar entre as regiões do país.
Diante deste cenário de incerteza, na edição desta quinta-feira (15) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes analisa quais são os impactos destas notícias no cérebro humano. Sentimentos como medo e frustração podem ser recorrentes neste período, o médico explica como o cérebro lida com estas emoções.
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“A gente entende que quando existe um grande desafio e uma coisa chata acontecendo, a inteligência emocional pode ser utilizada. Ela consiste em balancear o cérebro de forma que as partes emocional e racional conversem para que a gente consiga lidar com a expectativa do futuro e a realidade do presente. Que, muitas vezes, não são compatíveis e que acaba causando tristeza, aborrecimento e uma sensação de impotência”, explica.
De acordo com o médico, quando “o equilíbrio da inteligência emocional não acontece”, a situação acaba se tornando um desafio ainda maior para as pessoas. “Inteligências como a existencial e intrapessoal são essenciais neste momento”, acrescentou.
“Sempre que eu tenho um desafio que me tira do conforto, grande parte das pessoas conseguem ter resiliência e lidar melhor com a situação. Basicamente a nossa geração precisará adotar e acionar o poder de resiliência”, disse.
Para ‘acionar’ o controle da inteligência emocional, o cérebro humano trabalha intensamente. Segundo Fernando Gomes, duas áreas são responsáveis por esta tarefa: o córtex pré-frontal, que cuida do racional, e o sistema límbico, que cuida da parte emocional.
“Na parte racional é onde eu entendo que a Covid-19 tem sido um desafio, mas isso não consegue imunizar o meu ‘interior’, o sistema límbico. Podendo assim, causar um aborrecimento ao receber a notícia sobre uma nova onda do vírus”, exemplifica.
“Nosso cérebro registra tudo e, portanto, temos memória do que acontece e assim iremos lidar com se fosse a primeira onda – nas questões biológicas e comportamentais. No entanto, será necessário prestar atenção na questão relacionada à saúde mental e outras doenças, que nã devem ser deixadas de lado neste momento”, finaliza.
(Edição: André Rigue)