Correspondente Médico: É possível tomar vacina que apresente efeitos colaterais?
Testes demonstraram a "segurança" da Coronavac
O governo de São Paulo anunciou na quarta-feira (24) que estudos clínicos comprovaram a segurança da Coronavac, vacina chinesa que está sendo desenvolvida em parceria com o Instituto Butantan. Do total de voluntários, 94,7% não tiveram nenhuma reação adversa. Outros 5,3% sentiram efeitos adversos de grau baixo, como dor no local da aplicação, febre moderada e perda de apetite.
Na edição desta quinta-feira (24) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes avaliou os números apresentados pelo governo de SP.
“Este número [de 94,7%] é positivo. Sempre que faço uma ação em direção ao meu organismo, é esperado que eu tenha um efeito. Quando isso acontece, desejamos que este efeito seja preponderantemente relacionado ao tratamento e prevenção de uma doença. Mas é de se esperar que qualquer remédio ou vacina possa trazer efeitos adversos ou colaterais”, iniciou.
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De acordo com o médico, os efeitos colaterais que foram apresentados na pesquisa são considerados aceitáveis e normais para este tipo de aplicação. No entanto, reações adversas são aquelas menos comuns, mas que devem ser observadas.
“Dor no local da aplicação, febre moderada e perda de apetite são efeitos colaterais aceitáveis e que têm relação com a aplicação da vacina. Pelo que foi apresentado, este número abre para a possibilidade de aplicação em larga escala”, avaliou.
E acrescenta: “Sempre buscamos um número mais próximo do 100% de eficiência e sem efeito colateral. Mas tudo depende das reações que podem acontecer em relação aos efeitos adversos. Se eu tenho 50% de efeito adverso, como uma dor de cabeça leve, acaba sendo aceitável. Se tenho uma vacina mais próxima de 100% e sem efeitos, ela é eficiente”.
Durante a coletiva, o governo paulista voltou a prometer que até o final de fevereiro o governo de São Paulo receberá 60 milhões de doses da vacina, o que ele disse ser suficiente para imunizar toda a população do estado.
Na visão do médico Fernando Gomes, o cronograma dependerá da logística que será utilizada. “Além de ter a vacina disponível, precisamos entender como será o calendário, a aderência das pessoas e a distribuição da vacina. Portanto, podemos imaginar que isto pode ser uma campanha de muito trabalho e que pode durar, por exemplo, um mês”, disse.
(Edição: Leonardo Lellis)