Correspondente Médico: Qual a nova ‘definição de dor’ e o que muda?

A versão anterior do conceito exigia que houvesse uma lesão ou até uma doença que justificasse a dor. Agora, a dor pode ser tratada como uma doença em si

Na edição desta quinta-feira (8) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocientista Fernando Gomes aborda a “nova definição de dor” e como isso impacta no diagnóstico da dor como um sintoma ou uma doença em si. 

Pela primeira vez em 40 anos, a Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP, do inglês International Association for the Study of Pain) revisou o conceito de dor.

A mudança é sutil, mas tem muita relevância. Na prática, a versão anterior do conceito exigia que houvesse uma lesão ou até uma doença que justificasse a dor. Agora, a dor pode ser tratada como uma doença em si.

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Correspondente Médico: Fernando Gomes fala sobre atualização da definição de dor
Correspondente Médico: Fernando Gomes fala sobre atualização da definição de dor
Foto: CNN Brasil (8.out.2020)

A nova publicação é um alívio para muita gente que sofre com este problema. Um exemplo famoso é da estrela Lady Gaga, que chegou a cancelar um show no Brasil por conta da fibromialgia – uma doença que causa dores intensas em várias partes do corpo.

Gomes explica que “a dor entra na classificação de um sinal vital”. “Tenho pulso, frequência cardíaca e respiratória, temperatura e dor mostrando que existe vida naquela pessoa”, resume ele.

“A dor também acaba sendo nossa amiga, porque, quando temos uma lesão no corpo, sinaliza que precisamos deixar de fazer um movimento ou procurar uma ajuda, por exemplo”, acrescenta o neurocientista. “Ela sinaliza que o corpo não está funcionando de uma forma adequada”.

De acordo com ele, esse conceito de dor física associada a alguma lesão ou outro problema de saúde é classificada como nociceptiva. “Quando o sistema nervoso periférico capta essa informação da lesão, transforma em estímulo elétrico e leva, através dos neurônios, até o sistema nervoso central, onde a dor é sentida, interpretada e sentida – o que pode ser temperado, ou não, com sofrimento”, descreve Gomes.

Por fim, Gomes afirma que lesões ou alterações do sistema nervoso – seja o periférico ou o central – podem levar a “uma doença crônica incapacitante, que não permite toda a performance no trabalho e cause problemas de relacionamento, além de sofrimento”.

Com isso, ele defende que a ampliação do conceito de dor “aceita que a descrição do paciente é fundamental”. “Nada mais justo, concreto e real do que tudo isso”, considerou ele. “A dor é igual para todo mundo? É difícil responder a essa pergunta”.

Para uma vida sem dor, Gomes indica a prática de atividades físicas que, segundo ele, “ajuda todo o sistema nervoso central a conseguir dosar o que é dor e o que não é, além de liberar neurotransmissores que fazem esse equilíbrio”.

(Edição: André Rigue)

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