Correspondente Médico: SP pode estar se aproximando da imunidade de rebanho? 

Fernando Gomes explica o que é a imunidade de rebanho e analisa se a capital paulista pode ter alcançado o patamar para o coronavírus

A quarta etapa do inquérito sorológico da Covid-19 apresentado pela Prefeitura de São Paulo nessa quinta-feira (13) aponta que mais de 1,3 milhão de pessoas na capital paulista já se contaminaram e têm anticorpos.

Na edição desta sexta-feira (14) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes explica o que é a imunidade de rebanho e analisa se a capital paulista pode estar se aproximando desse patamar. 

Na quinta (13), a Secretaria Municipal de Saúde de SP informou que a cidade chegou a 267.239 casos e 10.488 mortes confirmadas pela doença causada pelo novo coronavírus.

Gomes afirma que a imunidade de rebanho seria o caminho natural do vírus, mas que, em uma pandemia da dimensão da Covid-19, esse patamar imunológico deve ser atingido ao custo de muitas mortes. De acordo com a Universidade Johns Hopkins, o mundo já ultrapassou 750 mil mortes pela doença.

“A gente querendo ou não, o caminho é benéfico para a humanidade e vai acontecer. O problema é que, para isso acontecer, a doença precisa ter contato com as pessoas e vai provocar mortes. O produto final disso seria atingir essa imunidade de rebanho”, afirma.

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Correspondente Médico: Fernando Gomes fala sobre imunidade de rebanho
Correspondente Médico: Fernando Gomes fala sobre imunidade de rebanho
Foto: CNN (14.ago.2020)

Ele ressalta que, mesmo neste patamar, “o coronavírus não perde força”. “Ele continua sendo o que é, mas sabemos que numa situação em que ninguém tem imunidade, uma pessoa infectada consegue contaminar 2,5 pessoas. Quando tomamos as medidas – uso de máscara, distanciamento social, aumento da higiene e, se possível, colocamos a vacina na jogada – essa taxa reduz e vai para 1,5 ou 1,25”, continua.

“Com isso, a manifestação clínica do número de pessoas que venham a apresentar o novo coronavírus acaba diminuindo, de modo que chega o momento em que uma pessoa infectada não consegue passar o vírus da mesma forma que vemos agora”, acrescenta.

Em meio a esse cenário e às informações do inquérito sorológico da Covid-19 em São Paulo, o médico diz que “uma população com 20% seria o suficiente para reduzir essa taxa”. 

“O que acaba acontecendo é que [precisaria de] mais 700 mil com imunidade – que não sabemos se já têm, porque não foram testados – e já seriam suficientes para reduzir toda essa característica e, pelo menos, esse grupo que mora na cidade estaria protegido de uma forma diferente do que era no início da pandemia”, aponta, indicando que São Paulo pode estar no rumo dessa imunidade.

Por fim, o especialista afirmou que as diferentes características da pandemia ao redor do país, que teve cidades com picos em momentos alternados, possa ter feito “com que esse fenômeno já tenha acontecido em vários lugares”. “Tudo tem a ver com a mobilidade das pessoas e o contato entre si”, finaliza.

(Edição: André Rigue)

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