Dimas Covas: dados de eficácia são feitos por comitê internacional independente

Coronavac apresentou 50,38% de eficácia global; o número mínimo para aprovação da Anvisa é de 50%

Após o governo de São Paulo anunciar que a eficácia global da Coronavac, vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, é de 50,38%, surgiram questionamentos nas redes sociais sobre o resultado, dizendo, inclusive, que o número, na realidade, poderia ser inferior a 50%. À CNN, o diretor do instituto, Dimas Covas, rebateu. 

“Quem fez o cálculo não leu o trabalho, o estudo científico. Esse cálculo é feito por um comitê internacional independente, o Butantan não participa desses cálculos”, garante.

“O Butantan manda os dados para esse comitê, que gera os dados, e devolve para nós e para as agências reguladoras. Então, quando recebemos esses dados, mandamos para a Anvisa, que é quem avalia o que significa o estudo clínico.”

Estudo ‘estressante’

De acordo com Dimas, o estudo clínico da Coronavac no Brasil “foi o mais estressante” para uma vacina contra o novo coronavírus.

“Essa vacina hoje é uma das melhores disponíveis do mundo. Essa apresentação de resultados do Brasil mostra claramente o efeito da vacina sobre a doença”, diz. 

“Interpretar esses dados em termo de comparação com outras vacinas não faz o menor sentido. Cada estudo tem uma população que foi testada, uma metodologia, uma definição de casos diferentes.”

A Coronavac apresentou na Turquia uma eficácia global de 91,25%. Assim, segundo o diretor do Butantan, a eficácia do imunizante é esta na população geral. Mesmo assim, nos grupos de risco para a doença, Dimas considera a performance do imunizante “fantástica”.

“Nas populações mais em risco, como foi o caso do nosso estudo, que foi o mais estressante para uma vacina, [que foi testada] em uma população de alto risco, com uma incidência acima de 20% de infecção, essa vacina mostrou essa performance fantástica”, afirma.

Na última quinta-feira (7) foi divulgado que o imunizante atingiu índice de eficácia de 100% para casos graves e moderados e de 78% para os infectados que apresentaram casos leves ou precisaram de atendimento ambulatorial.

No entanto, esse número era um recorte segmentado por casos e não é igual ao da eficácia global do imunizante, ou seja, a capacidade da vacina de proteger em todos os casos, sejam leves, graves ou moderados. 

Uso emergencial

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou na terça-feira (12) que se reunirá no próximo domingo (17) para decidir sobre o uso emergencial das vacinas do Instituto Butantan e da Fiocruz. De acordo com o órgão, a data é o penúltimo dia estabelecido internamente para essa avaliação.

No começo de dezembro, a Universidade de Oxford publicou o primeiro resultado revisado do terceiro e último teste clínico da vacina. Ela apresentou 70,4% de eficácia média contra a doença em pessoas com idade entre 18 e 55 anos. A revisão foi publicada na revista científica The Lancet

 

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