Estudo pode levar ao uso de vacina da dengue contra Covid-19, diz pesquisador

Professor catedrático da Universidade Duke, na Carolina do Norte (Estados Unidos), o pesquisador brasileiro Miguel Nicolelis falou à CNN, nesta terça-feira (22), sobre a pesquisa que sugere relação entre a dengue e uma possível defesa para Covid-19 – o que poderia levar até ao uso emergencial de vacina contra a dengue durante a pandemia, caso os resultados se comprovem.

De acordo com o pesquisador, uma correlação inversa entre os dois vírus foi encontrada por meio de análises e tem registros na literatura científica mundial. 

As possibilidades são de que isso gere uma imunidade cruzada com a Covid-19, além da chance da utilização de vacinas contra a dengue serem usadas de forma emergencial na pandemia.

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“Chegamos a essa conclusão de que talvez exista a possibilidade de uma interação desses dois vírus, que compitam pelas mesmas pessoas e que, com a infecção, cria algum tipo de imunidade cruzada com a Covid-19”, afirmou. 

“Se isso for comprovado, já existem, pelo menos, duas vacinas contra a dengue – uma aprovada e outra em estágio final – que poderiam ser usadas como uma medida de emergência para reduzir o número de casos do novo coronavírus antes de uma vacina específica ser desenvolvida”.

Segundo Nicolelis, o estudo comparou de dados sobre distribuição geográfica da epidemia de dengue de 2019 e 2020, no Brasil, com a pandemia da Covid-19.

“Encontramos uma correlação inversa, ou seja: onde houve dengue, os casos e as mortes de Covid-19 foram menores, e demorou mais para os casos acumularem”, explicou ele.

Com os resultados, o grupo começou a estudar cada município e dividir a análise por regiões. “Notamos que nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, além de Oeste de São Paulo e Sudoeste do Paraná, encontramos municípios com muita quantidade de dengue, mas números mais reduzidos de Covid-19”, acrescentou.

“Conseguimos reproduzir essa correlação inversa para 71 países, mostrando que onde houve muitos casos de dengue – como no Vietnã, Paraguai e Nicarágua – teve uma redução dramática da Covid-19”, apontou.

Apesar da perspectiva positiva, o pesquisador ressaltou que ainda não há uma resposta para a porcentagem dessa aparente proteção.

(Edição: André Rigue)