Fernando Gomes: Coma deixa a pessoa sem a parte mais elaborada da consciência
Neurocirurgião comentou o caso de Joseph Flavill, que despertou após mais de dez meses sem saber que, durante o período, o mundo foi tomado por uma pandemia


Atropelado por um carro em 1º de março de 2020 e em coma desde então, o jovem britânico Joseph Flavill, de 19 anos, despertou após mais de dez meses sem saber que, durante o período, o mundo foi tomado pela pandemia de Covid-19. E mais: ele testou positivo para o novo coronavírus duas vezes no hospital.
No quadro Correspondente Médico desta quarta-feira (3), o neurocirurgião Fernando Gomes explicou como fica o cérebro durante um período tão longo em coma.
“O cérebro deixa de funcionar de maneira adequada e esse ciclo entre vigília e sono fica atrapalhado, e a pessoa fica em um estado diferente. A parte mais elaborada da consciência deixa de existir porque ela não tem acesso às informações do meio exterior”, disse.
“E quando a pessoa desperta desse período, muitas vezes vem a sensação de amnésia, porque de fato não teve acesso a todas as informações que uma pessoa em estado de vigília tem.”
O médico também falou sobre o diagnóstico positivo de Covid-19 em pacientes que estão em coma. “Ele [o paciente] não vai até o ambiente, mas o ambiente chega até ele. Ele está em um hospital e os próprios cuidadores, a equipe de saúde e da limpeza, funcionam como um carregador [do vírus]”, explicou.
“Essa é a nossa grande preocupação e motivo pelo qual sempre existem protocolos de limpeza e higiene. E mesmo assim, em um ambiente hospitalar, esse tipo de problema pode acontecer. Por isso só deixamos no hospital realmente quem precisa. Caso contrário, o melhor lugar para a pessoa estar é na sociedade e dentro da sua casa.”
(Publicado por: André Rigue)