Médica encontra coágulos em vários órgãos em autópsias de vítimas da Covid-19
Patologista diz que o sangue estava coagulado em 'quase todos os órgãos'


Autópsias em pessoas que morreram por conta do novo coronavírus estão ajudando os médicos a entenderem como o vírus afeta o corpo — e um dos achados mais impressionantes é sobre a coagulação do sangue, disse uma patologista.
Amy Rapkiewicz, presidente do departamento de patologia do Centro Médico Langone da Universidade de Nova York, falou à CNN na noite desta quinta-feira (9).
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Alguns pacientes da Covid-19 desenvolvem problemas na coagulação do sangue, mas o grau e a extensão em que isso ocorre foram descritos como “dramáticos” por Rapkiewicz.
No começo da pandemia, clínicos que acompanhavam diretamente os pacientes notaram coágulos “em tecidos e vários grandes vasos sanguíneos”, contou.
“O que vimos na autópsia foi uma extensão disso”, falou. “A coagulação não estava somente nos maiores vasos, mas também nos menores”.
“E isso foi dramático, porque apesar de serem esperados nos pulmões, encontramos coágulos em quase todos os órgãos que olhamos na nossa pesquisa”, disse. As conclusões de Rapkiewicz foram publicadas em um estudo no fim de junho no jornal EClinicalMedicine, da The Lancet.
As análises também mostraram algo pouco comum sobre os megacariócitos, como são chamadas as grandes células de medula óssea. Normalmente, elas não circulam fora dos ossos e pulmões, disse Rapkiewicz.
“Nós os encontramos no coração, rins, fígado e outros órgãos”, disse. “Principalmente no coração, megacariócitos produzem plaquetas, que estão ligadas proximamente à coagulação do sangue”.
Os pesquisadores esperam descobrir como essas células influenciam a coagulação de vasos menores em pacientes com Covid-19, ela disse.
Nas primeiras fases da pandemia, os médicos pensaram que o vírus provocava inflamação no coração por meio de uma inflamação no miocárdio, um músculo cardíaco, continuou ela. No entanto, as autópsias encontraram baixa incidência dessas miocardites.
Ela disse que uma das “oportunidades — se há alguma neste vírus” é que os patologistas tem tido a chance de examinar os órgãos de várias vítimas da Covid-19 e investigar os processos da doença. Ela disse que isso não era possível com o H1N1 ou com a epidemia original de Sars.
(Texto traduzido, leia o original em inglês)