Medo de hospital na pandemia retarda diagnóstico de outras doenças, diz médico

Segundo Henrique Salvador, pacientes oncológicos, cardiopatas, nefropatas e com doenças crônicas ou degenerativas também devem continuar acompanhamentos

O presidente da rede Mater Dei de Saúde, Henrique Salvador, disse à CNN, nesta terça-feira (12), que o medo de ir a hospitais por conta de risco de contaminação pela Covid-19 pode retardar o diagnóstico de outras doenças graves — que deveriam ter detecção precoce para serem tratadas com sucesso. 

“A gente tem percebido por parte da população um receio muito de ir até os hospitais e isso leva a um retardo de uma série de diagnósticos que são muito importantes. Durante muitos anos a medicina trabalhou para prevenir doenças ou fazer a detecção precoce, e esse retardamento acaba causando problemas muito sérios pelo resto da vida”, alertou.

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Diante desse cenário, Salvador avaliou que o “o pavor de ir a hospitais não se justifica”, porque tem sido feito esforços para prevenir a contaminação cruzada no ambiente hospitalar. “Me arrisco a dizer que hoje é muito seguro ir a hospital do que a outros locais. Então, é importante que, se há alguma dúvida, procure o sistema de saúde”, recomendou. “Os hospitais estão preparados para atender adequadamente. Não há esse risco de contaminação cruzada como as pessoas muitas vezes acreditam.”

Aos pacientes, o médico dá as recomendações gerais para a ida ao hospital: manter o distanciamento social e usar álcool gel e máscara. Ele ainda avalia que, nesse momento de receios, a telemedicina pode ser uma aliada. “Ela facilita o acesso das pessoas ao serviço de saúde. Se essa pessoa tiver alguma dificuldade, que recorra a telemedicina, que é um apoio importante nesse momento da pandemia”, classificou.

Salvador frisou que o importante é “que a pessoa, em virtude da pandemia, deixe de cuidar da saúde como um todo, sob pena de ela sofrer um impacto muito grande e pegar um preço alto pelo resto da vida”.

De acordo com o médico, pacientes oncológicos, cardiopatas, nefropatas e com doenças crônicas ou degenerativas devem continuar fazendo o acompanhamento médico. “Eles não devem abandonar em hipótese alguma o tratamento”, destacou. “A gente não pode pensar na saúde da pessoa só nos três ou quatro meses em que estamos vivendo essa pandemia. Temos que pensar no horizonte muito mais longo e, nesse sentido, a detecção precoce é fundamental para várias doenças.”

O presidente da Rede Mater Dei de Saúde, Henrique Salvador, fala à CNN
O presidente da Rede Mater Dei de Saúde, Henrique Salvador, fala à CNN
Foto: CNN (12.mai.2020)

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