Não é possível prever o início da vacinação, diz infectologista da Fiocruz

O infectologista disse que no momento os pesquisadores tentarão entender a causa da reação para determinar se foi um evento isolado ou um efeito da vacina

Com o anúncio da suspensão dos testes da vacina da AstraZeneca contra a Covid-19 após um paciente ter tido reação adversa, o infectologista da Fiocruz – que tem parceria com a farmacêutica para a produção da vacina no Brasil – Julio Croda, foi enfático ao dizer que, até o momento, não há previsão para o início da campanha de vacinação contra o novo coronavírus.

Em entrevista à CNN na noite desta terça-feira (8), ele destacou que a imunização exige “resultados de eficácia e segurança, que só podem ser vistos após testes com milhares de pessoas”.

“Vejo muitas pessoas anunciando o início da vacinação em massa sendo que não temos nenhum resultado de estudo de fase 3 das vacinas contra a Covid-19. Fico temeroso em fazer qualquer previsão sem estes resultados.”

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Júlio Croda
Júlio Croda, infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
Foto: CNN (08.set.2020)

O infectologista disse que, no momento, os pesquisadores tentarão entender a causa da reação em um dos voluntários, para determinar se foi um evento isolado ou um efeito comum da vacina.

“Temos informação de efeito adverso grave, provavelmente associado a um quadro neurológico. É preciso entender se esse evento tem relação causal com a vacina e entender com que frequência isso acontece. Se for grave, o estudo pode ser interrompido.”

Apesar da notícia ruim, Croda destacou a clareza como a AstraZeneca vem tratando o processo de desenvolvimento do medicamento e disse que isso traz segurança para a população.

“A interrupção mostra a seriedade da AstraZeneca para trazer transparência ao processo. Essa transparência é o que faz com que a população acredite na vacina.”

(Edição: Sinara Peixoto)

 

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