Novo protocolo de cloroquina condiz com orientação do CFM, diz secretário

O secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira, acredita que mudança não tem nenhuma contradição com recomendações do ministério

O secretário de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, Wanderson de Oliveira, afirmou nesta quarta-feira (20) que o novo protocolo de uso de cloroquina publicado pela pasta para orientar o uso do medicamento no tratamento de casos leves de Covid-19 “está condizente com o que determina o CFM (Conselho Federal de Medicina)”.

“O ministério tem a obrigação de orientar, uma vez que o uso não é proibido. Apesar de todas as limitações, e todos têm a sua opinião sobre a cloroquina, essas orientações estão condizentes com o que está estabelecido pelo CFM. Eu não vi, do ponto de vista operacional, nenhuma contradição com o que a gente já vinha falando. Está deixando mais claro qual deve ser a dosagem e em que contexto deve haver a prescrição, caso o médico considere relevante. Não é profilaxia nem indicação por profissional não médico”, defendeu.

Em audiência na Comissão Externa da Câmara dos Deputados para acompanhamento das ações de enfrentamento da pandemia do novo coronavírus, Wanderson disse que não faltam testes para Covid-19 no país, mas admitiu dificuldades para coletar amostras e processá-las.

“Não temos falta de testes. Temos falta de insumos, como swabs, porque precisamos de dois, um para o nariz e um para a boca, de um tubo. Os estados fizeram várias licitações, mas não conseguiram adquirir. Estamos comprando 45 milhões de swabs e 25 milhões de tubos. Desse total, vamos receber 5 milhões nas próximas semanas. Hoje, temos testes, temos máquinas, mas não temos as amostras, porque estão faltando swabs para coleta”, afirmou o secretário em audiência na Comissão Externa da Câmara dos Deputados para acompanhamento das ações de enfrentamento da pandemia do novo coronavírus.

Segundo Wanderson, o ministério já distribuiu 2,632 milhões de testes (12.527 testes por milhão de habitantes). Já foram realizados cerca de 560 mil (2.665 por milhão de pessoas). Desses, 392 mil foram concluídos. O restante está em alguma fase de análise. “Outra dificuldade é no processamento interno dos laboratórios. Só no Rio de Janeiro, há cerca de 6 mil amostras esperando análise porque não se consegue passar do tubo primário para o secundário. Falta pessoal qualificado. As equipes estão sobrecarregadas.”

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O secretário afirmou que o governo deve distribuir, até o final de maio, 7 milhões de testes rRT-PCR e 9,5 milhões de testes sorológicos. “Isso é um volume absurdo de testes.” Mas ponderou que testes não vão resolver a pandemia no país. “Teste não é bala de prata. Não vai ter teste para todo mundo. Podemos ampliar a capacidade, mas não é para todo mundo. É para casos sintomáticos, casos graves, para auxiliar na tomada de medidas”, afirmou.

Medidas

Wanderson defendeu que os gestores dos municípios usem o monitoramento de síndromes gripais já existente como base para tomada de decisões.

“Estamos nos espelhando muito no hemisfério norte. Temos que olhar para o hemisfério sul, para os nossos vizinhos. Tem gente dizendo que a Argentina está indo muito bem. Mas o vírus ainda não chegou à Argentina, não está circulando no Paraguai, no Chile e no Uruguai de forma intensa como aconteceu no Amazonas e no Equador. No [hemisfério] norte, estão saindo do inverno. Aqui estamos entrando. É natural que tenhamos um aumento de mortes em maio, junho e julho. Porque todo ano temos gripes e resfriados que atacam idosos e crianças.”

Sobre as medidas de isolamento social, o secretário defendeu que seja feita uma avaliação de risco para cada caso. “As ações de distanciamento social não são lineares. Às vezes, a medida é local, o fechamento de uma cidade, de um bairro. Um município que não tem casos ou não está vivenciando uma transmissão sustentada precisa adotar uma medida proporcional e restrita a esse risco, para evitar que justamente quando ele tenha que fechar, num momento de maior circulação do vírus, ele seja obrigado a abrir.”

No encontro com os deputados, Wanderson apresentou um panorama da doença no Brasil. Afirmou que, na comparação com outros países, o número de pessoas infectadas avança de maneira mais lenta que Estados Unidos e Rússia, mas está à frente de Espanha, Itália e Reino Unido, por exemplo. Já em número absoluto de mortes, o Brasil está atrás desses países. “Mas obviamente numa curva ascendente de casos esperados.”

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