Remdesivir: EUA só tem estoque do medicamento até o fim de junho
Medicamento antiviral intravenoso é utilizado em pacientes hospitalizados com Covid-19


O estoque que o governo dos Estados Unidos tem, atualmente, de remdesivir, medicamento utilizado contra o novo coronavírus, irá acabar no fim de junho, disse à CNN Robert Kadlec, funcionário do Departamento de Saúde e Serviços Humanos do país (HHS, em inglês).
A última remessa da substância será despachada pelo governo na semana do dia 29 de julho. A Gilead Sciences, empresa que fabrica o remdesivir, está tentando fazer mais, porém não se sabe o quanto do produto estará disponível nos próximos meses.
“Neste momento, estamos aguardando informações da Gilead sobre a expectativa dela quanto à entrega do medicamento de junho a julho”, disse Kadlec. “Nós meio que não estamos em negociações, mas em conversas com a Gilead enquanto ela estima qual será a disponibilidade do produto.”
Em maio, a Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA, em inglês) deu uma autorização de emergência para o remdesivir – um antiviral intravenoso estudado para o tratamento do ebola – ser utilizado em pacientes hospitalizados com Covid-19. Apesar de não ser uma droga de grande sucesso, um estudo mostra que ele ajuda a reduzir o tempo de internação de 15 para 11 dias.
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O governo norte-americano tem trabalhado para ajudar a Gilead “com os desafios de sua cadeia de fornecimento em termos de matéria-prima e capacidade de aceleração do processo”, afirmou Kadlec, secretário assistente do HHS para preparo e resposta.
Segundo ele, está claro que “seja qual for o suprimento, pode não ser o suficiente para todos os que precisam dele”.
Kadlec contou que a Gilead estimou para julho e agosto a entrega de “diversos” produtos, que, depois “será expandido em setembro, outubro e ao longo do outono [no hemisfério norte], conforme ela abre a torneira de sua produção e processamento”.
A Gilead forneceu poucos dados, mas disse que planeja ter mais de 500 mil doses disponíveis até outubro e mais de um milhão em dezembro.
“Após a doação, a empresa trabalhará de perto com governos e sistemas de saúde para fornecer acesso a profissionais de saúde para prescreverem remdesivir a pacientes apropriados”, afirma a empresa. “Planejamos trabalhar com o governo dos EUA para determinar a distribuição de remdesivir depois da doação”, afirmou a porta-voz da companhia, Sonia Choi, em um comunicado enviado à CNN nesse domingo (7).
Medo dos preços altos
No início de maio, o governo começou a distribuir uma remessa de remdesivir doada pela Gilead. A empresa já forneceu 940 mil doses do medicamento, ou o suficiente para cerca de 121 mil pacientes, segundo o HHS. Agora que ele está quase no fim, existe um temor de que a Gilead cobrará um alto valor pelo remédio.
“O preço que a Gilead pode cobrar, assim como com qualquer remédio nos EUA, parece que o céu é o limite, é o que as pessoas doentes e que estão morrendo estiverem dispostas a pagar”, disse o deputado democrata Lloyd Doggett, do Texas.
No mês passado, ele se juntou à deputada democrata Rosa DeLauro, de Connecticut, e escreveu uma carta para o secretário do HHS, Alex Azar, solicitando detalhes sobre qualquer acordo, relacionado ao remdesivir, feito entre a Gilead e o governo. Os parlamentares destacaram que os contribuintes ajudaram a financiar o desenvolvimento do remédio.
“O HHS não respondeu a qualquer um dos nossos pedidos sobre preços e sobre o que está fazendo para proteger os contribuintes sobre o remdesivir, um remédio que sequer seria utilizado se não fosse o investimento desses contribuintes de cerca de US$ 70 milhões no seu desenvolvimento”, disse Doggett à CNN.
De acordo com os termos da autorização de emergência da FDA, a distribuição de remdesivir é controlada pelo governo. Mas Kadlec disse que não foram tomadas decisões definitivas sobre como isso será administrado em julho: se o governo continuará a adquiri-lo ou se será vendido por meio de canais convencionais, como qualquer outro medicamento.
(Texto traduzido, clique aqui e leia o original em inglês.)