‘Se relaxarmos o isolamento, podemos viver uma tragédia’, alerta sanitarista
Médico Sérgio Zanetta diz que não existe remédio comprovadamente eficaz no combate ao novo coronavírus


O médico sanitarista Sérgio Zanetta falou sobre a pandemia de coronavírus e a falta de um medicamento comprovadamente eficaz no combate à COVID-19. Ele analisou o crescimento dos números no Brasil e criticou, sem citar nomes, políticos que recomendam o uso da cloroquina no tratamento.
“O brasileiro me parece estar recebendo bem as informações e agindo corretamente. Precisamos manter o isolamento social, a quarentena. Não temos exames para testagem ampla, a grande saída é estarmos isolados em casa. O isolamento é a grande alternativa, é uma doença que ainda não temos tratamento e precisamos retardar ao máximo que as pessoas a tenham”, explicou, em entrevista à CNN.
“Se nós nesse momento relaxarmos, podemos viver uma tragédia, como paises como Espanha e Estados Unidos. Os números falam por si. Temos no Brasil pouco mais de 1 mil mortos, que é alarmante. Mas a Espanha e Itália tem 500, 600, por dia. Os Estados Unidos tiveram hoje 1900 óbitos. O grande aprendizado é que quem hesitou no isolamento social paga um alto preço em termos de vida”, analisa.
Sem remédio
Zanetta diz que não há medicamentos comprovadamente eficazes no combate à doença enquanto os estudos não são concluídos. “Não temos ainda nenhum remédio adequado para usar. A cloroquina é um medicamento que existe há mais de 50 anos. Nós médicos utilizamos no tratamento de algumas patologias, mas não existem evidências robustas para indica-la como grande tratamento. Não temos essa convicção.”
Mesmo assim, os médicos que acharem necessário podem receita-la a seus pacientes, conta. “Os estudos não estão retardando a utilização da cloroquina, ela é de livre prescrição médica. Não é uma solução”.
Ele falou também que é necessário não envolver política na discussão. “A opinião de políticos não é bem vinda nem para médicos que acreditam [no tratamento com cloroquina]. Realmente são opiniões leigas, sem base científica, e que buscam influenciar as pessoas em uma direção ou outra. É o que nós menos precisamos. Precisamos de mais ciência e menos política. Na ciência há incertezas, temos incertezas com as quais estamos lidando. Se colocar um ingrediente político nisso, estamos perdidos”, finaliza.