Vacinas: qual a diferença entre ‘evento adverso grave’ e ‘efeito adverso grave’?

Em entrevista à CNN, Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), explicou os termos e as diferenças entre eles

 

A morte de um dos voluntários foi o “evento adverso grave” que levou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a suspender a Fase 3 dos estudos da Coronavac, que são conduzidos pela chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, em São Paulo. Em entrevista à CNN nesta quarta-feira (11), Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), explicou o que são e as diferenças entre um “evento adverso grave” e um “efeito adverso grave”.

“Um evento adverso [grave], como a palavra já diz, é um evento. Alguma coisa que aconteceu com uma coincidência temporal e precisa ser investigado. Tomei a vacina e aconteceu alguma coisa, fui atropelada, desmaiei, por exemplo, e precisa ser investigado para saber se foi um efeito [provocado pelo imunizante] (…). E na grande maioria das vezes não se encontra essa relação causal”, explicou.

“Efeito é aquilo que a vacina pode causar, alergia grave, dor no braço, por exemplo [e tem relação com o evento investigado]”, concluiu Isabella.

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Sobre o caso da Coronavac, a médica reforçou ainda que, mesmo não sendo um evento compatível e relacionado à vacina, a investigação do caso “é muito importante”. Além disso, segundo ela, “é isso que dá segurança para a população”. 

“Mesmo não sendo um evento compatível e relacionado à vacina, se ele aconteceu, é muito importante investigar. É isso que dá segurança para que a gente tenha certeza de que a vacina não causa nenhum efeito adverso grave na população”, prosseguiu. 

Quanto a paralisação dos estudos das vacinas, inclusive como aconteceu com a vacina de Oxford, Isabella afirma que “não há diferença teórica” entre o caso britânico e o da Coronavac. No entanto, para ela, o grande problema é a “informação truncada”. 

“Não há diferença teórica. O grande problema é a informação truncada. É isso que faz a população ficar insegura, porque ninguém entende e ainda a informação já chega de maneira errada. Com discussões políticas e às vezes com manchetes que dão a entender que a vacina é perigosa. Então, precisamos trabalhar muito nisso (…). Anvisa é um órgão regulatório dos mais confiáveis internacionalmente e a política não deve destruir este órgão tão importante para o Brasil”, finaliza.

(Edição: André Rigue)

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