Besouro pode sobreviver a atropelamento – e ajudar com problemas de engenharia
Força do "besouro diabólico" é estudada por biólogos
Cientistas que desenvolvem novos materiais estão estudando uma fonte improvável de força: um besouro que pode sobreviver ao atropelamento por um carro.
Pesquisadores da Universidade Purdue e da Universidade da Califórnia em Irvine, estudaram o chamado besouro diabólico – por causa do nome científico Phloeodes diabolicus – para entender o segredo por trás de sua força.
“Se a gente pega qualquer besouro e tenta destruí-lo com o dedo, provavelmente consegue matá-lo”, disse ele à CNN.
Mas não o besouro diabólico. “Este besouro é tão resistente que a energia ou a força que você pode fazer com a mão não é suficiente. Ele é como um pedaço de rocha”, comparou Pablo D. Zavattieri, professor de engenharia civil em Purdue e um dos autores do estudo. “O pneu de um carro não é suficiente para destrui-lo”.
As descobertas foram publicadas na revista “Nature” na quarta-feira (21).
Os especialistas queriam entender o que o faz tão forte, na esperança de recriar tal resistência nos materiais de construção.
Usando microscopia avançada, espectroscopia e testes mecânicos no local, os pesquisadores identificaram o projeto arquitetônico dentro do exoesqueleto da criatura.
Os cientistas descobriram que a superdureza do besouro diabólico está em sua armadura. O inseto tem dois “elytron” – estrutura presente em besouros voadores que permite que abram as asas – que se encontram em uma linha, chamada de sutura, que percorre toda a extensão de seu abdome.

Como explicou Zavattieri, milhões de anos atrás, a maioria dos besouros era voadora. “Este besouro em particular, como parte do processo de evolução, não voa mais”, disse ele.
Embora a espécie não use seu elytron para voar, a elytra e a sutura conectiva ajudam a distribuir a força aplicada de maneira mais uniforme por todo o corpo do inseto.
Zavattieri explicou que a sutura funciona como um quebra-cabeça, conectando as várias lâminas exoesqueléticas da criatura no abdome, que travam para evitar que se rompam.
Leia também:
Filhotinho de cachorro nasce com pelo verde na Itália
Plataforma ajuda cães a ‘falar’ com os donos
Novo ‘estranho dinossauro’ de 220 milhões de anos é descoberto nos EUA
Criatura microscópica brilha ao enfrentar radiação letal
Se a sutura for quebrada, outro mecanismo de proteção também permite que as lâminas se deformem lentamente. Isso evita uma liberação repentina de energia, que de outra forma quebraria o pescoço do besouro.
Usando placas de aço, a equipe de pesquisadores descobriu que a criatura pode suportar uma força aplicada de 150 newtons (cerca de 39 mil vezes o seu peso corporal) antes que seu exoesqueleto comece a se quebrar.
Um pneu de carro aplicaria uma força de cerca de 100 newtons se passasse por cima do inseto em uma superfície de terra.
A equipe espera que, compreendendo melhor como o besouro resiste a tal força, possam desenvolver materiais mais resistentes.
Um dos problemas críticos da engenharia é conectar materiais de composições diferentes, por exemplo, alumínio e aço, em áreas como a aeroespacial, segundo Zavattieri.
Por exemplo, ao construir turbinas de aeronaves, os metais são frequentemente unidos a materiais compostos com fixadores mecânicos, o que pode adicionar peso, introduzir tensão e, por fim, levar a alterações e corrosão na estrutura.
“Já temos os materiais. Um dos problemas de engenharia é como conectá-los”, disse Zavattieri.
“Podemos usar essas suturas (o besouro mostra como isso é feito) para melhorar sua resistência. Este é um bom exemplo de como a natureza usa essa conexão. Cada vez que olhamos para a natureza, aprendemos algo novo”.

(Texto traduzido. Leia o original em inglês).