Neandertais desapareceram da Europa milhares de anos antes do que se pensava

Estudo reanalisou restos da espécie e concluiu que ela foi extinta há aproximadamente 40 mil anos

Fósseis de um neandertal, que se acredita pertencerem a alguns dos últimos sobreviventes da espécie na Europa, são milhares de anos mais velhos do que se pensava, revela um novo estudo. 

A data exata de quando eles desapareceram do continente europeu ainda é motivo de debates. Agora, a pesquisa afirma que eles devem ter sido extintos há cerca de 40 mil anos, não muito tempo depois que os humanos modernos migraram para fora da África. 

Essa conclusão contradiz estudos anteriores de restos mortais encontrados na Caverna do Espião, na Bélgica, que indicavam que alguns neandertais ainda estavam vivos cerca de 37 mil anos atrás, o que os tornaria alguns dos últimos da espécie a sobreviverem na Europa.

No entanto, para especialistas da Bélgica, Inglaterra e Alemanha, a idade dessas amostras pode não ser confiável devido à contaminação.

Por meio de um processo conhecido como separação por cromatografia líquida, eles extraíram um único aminoácido dos restos mortais de Neandertal. Eles usaram isso para datar e reanalisar os restos, que agora estavam livres de contaminantes como cola.

Segundo os estudiosos, a contaminação dos restos mortais significa que eles foram identificados como “inexatamente jovens” por até 10 mil anos.

Eles ainda dataram os restos mortais encontrados em dois outros locais belgas, Fonds-de-Forêt e Engis, e descobriram que o material tinha uma idade semelhante ao que foi encontrado na Caverna do Espião.

“Datar todos esses espécimes belgas foi muito emocionante, pois eles desempenharam um papel importante na compreensão e na definição dos neandertais”, disse Grégory Abrams, arqueólogo do Centro Arqueológico da Caverna Scladina, na Bélgica, em um comunicado.

Com base nessas últimas datas de radiocarbono, os especialistas estimam que os neandertais desapareceram da região entre 44 mil e 40 mil anos atrás, muito antes do que se estimava anteriormente. 

“Este novo estudo nos dá mais pistas sobre quando os neandertais foram extintos na Europa”, disse o autor principal Thibaut Devièse, professor associado da Aix-Marseille Université, à CNN por e-mail.

“Houve alguma controvérsia sobre a última aparição dos neandertais na Europa Ocidental e particularmente para alguns indivíduos da Caverna do Espião”, explicou ele.

“O namoro é crucial em arqueologia, sem uma estrutura confiável de cronologia, não podemos realmente estar confiantes na compreensão das relações entre os neandertais e o Homo sapiens quando nos mudamos para a Europa há 45 mil anos e eles começaram a desaparecer”, disse Tom Higham, professor da a Universidade de Oxford, que dirige o projeto de pesquisa PalaeoChron.

“É por isso que esses métodos são tão interessantes, porque eles fornecem datas muito mais precisas e confiáveis”, acrescentou Higham.

Devièse disse que datas mais precisas para esses espécimes de Neandertal responderam a uma pergunta importante – mas também abriram novas questões, como por quanto tempo os Neandertais e os primeiros humanos modernos conviveram?

“Agora sabemos mais precisamente quando os neandertais desapareceram na Europa, mas também precisamos confirmar com os mesmos métodos robustos quando os humanos anatomicamente modernos chegaram para elucidar por quanto tempo essas duas espécies coabitaram”, acrescentou.

A pesquisa foi publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

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